Objetivo da avaliação é medir os impactos do ensino remoto na aprendizagem dos estudantes da rede estadual (Foto: Aurelio Alves / O POVO)
Teste pretende diagnosticar o grau de evolução na aprendizagem dos alunos durante o ensino remoto
Afastados das salas de aula desde março de 2020, os estudantes da rede estadual de ensino do Ceará estão sendo submetidos a avaliações diagnósticas antes do retorno oficial ao ambiente escolar, previsto para o segundo semestre. Aplicado de maneira remota para todas as modalidades de ensino, o exame pretende medir os impactos da pandemia no processo de aprendizagem escolar, especialmente nas turmas do ensino médio.
A iniciativa faz parte do programa Foco na Aprendizagem, criado estrategicamente para desenvolver políticas públicas voltadas à recuperação dos prejuízos educacionais causados pelo período pandêmico. Segundo a Secretaria da Educação do Ceará (Seduc), pelo menos 166 dos 184 municípios já finalizaram a aplicação dos testes aos alunos do ensino fundamental. As avaliações ainda estão em andamento para os alunos do ensino médio em 121 cidades e do ensino infantil em 100.
De acordo com a secretária executiva do Ensino Médio e Profissional, da Seduc, Jucineide Fernandes, os alunos que não forem alcançados virtualmente irão receber os testes impressos em suas próprias casas, através dos núcleos gestores das escolas. A intenção, segundo ela, é que todos os 414.825 estudantes matriculados na rede estadual sejam submetidos ao exame até o fim deste mês. “Queremos abranger todos os alunos, pois a partir dos resultados dessa avaliação, iremos realizar formação específica para os professores e vamos elaborar material estruturado de forma objetiva para sanar as lacunas na aprendizagem que foram identificadas na prova”, explica a secretária.
Para os alunos dos segundos e terceiros anos, a prova conta com dois componentes curriculares: língua portuguesa e matemática. Já os que estão no primeiro ano, além dessas duas matérias, também são avaliados em Biologia, Física, Química, História e Geografia. “Eles [os alunos do primeiro ano] estão chegando agora no ensino médio. É importante esse escopo maior para entendermos como saíram do ensino fundamental em termos de aprendizagem”, pontua Jucineide. A aplicação dos testes deve se estender até o fim deste mês. Em agosto, quando as aulas serão retomadas de forma híbrida (remoto e presencial) em todas as escolas da rede estadual, a Seduc planeja realizar mais um ciclo de avaliação.
Foco nos futuros egressos
Paralelo à aplicação da avaliação diagnóstica remota, os alunos do terceiro ano do ensino médio fizeram um outro teste de proficiência no mês passado, de forma presencial. A prova mediu conhecimentos dos estudantes nas disciplinas de português e matemática. Os resultados, que ainda estão sendo processados, vão ajudar as escolas a traçar estratégias de recuperação da aprendizagem, voltadas principalmente para os alunos mais prejudicados durante o período de afastamento das salas de aula.
“As perdas são inevitáveis, mas estamos trabalhando para mitigá-las”, afirma Jucineide Fernandes, que ainda estabelece uma prioridade no retorno dos alunos às escolas: “Nesse segundo semestre, o foco vai ser a preparação dos alunos do terceiro ano para o Enem. Essa avaliação diagnóstica vai nos ajudar a definir as metodologias de ensino que podem ser mais eficientes para eles nesse momento”, completa.
A preocupação com os futuros egressos do ensino médio tem um motivo importante: no ano passado, o Ceará registrou a maior taxa de abstenção da história no Enem. Dos 322.583 mil inscritos, 48% faltaram no primeiro dia de prova e 51% no segundo. Em 2019, a média de ausências nos dois dias foi de pouco mais de 20%.
Avaliações municipais
iniciativas semelhantes à da Seduc estão previstas para serem colocadas em prática em pelo menos três redes municipais de ensino do Ceará: Fortaleza, Caucaia e Juazeiro do Norte. As Secretarias de Educação dos municípios confirmaram ao O POVO que pretendem aplicar avaliações diagnósticas assim que os estudantes voltarem às escolas.
Juntas, as três cidades contam atualmente com 334 mil estudantes matriculados nas unidades de ensino municipais, sendo 243 mil na Capital, 47 mil em Caucaia e 34 mil em Juazeiro do Norte, a maior cidade do interior cearense. Para esses municípios, com grande contingente de alunos, o desafio da retomada de forma híbrida parece ser ainda maior. Com o novo coronavírus ainda em circulação, as gestões locais correm contra o tempo para adequar salas de aula ao “novo normal” da educação.
Em Fortaleza e na Terra do Padre Cícero, as secretarias de Educação instituíram comitês técnicos para o planejamento da volta dos estudantes às salas de aula. Já em Caucaia, o retorno foi antecipado para 90 alunos de forma experimental, em uma escola de ensino infantil. A ideia da Prefeitura é avaliar como estudantes, professores e servidores se adaptam à nova rotina escolar. O município também firmou parceria com as Fundações Lemann e Itaú Social para que seja elaborado um plano de atividades pedagógicas com vistas à mitigação dos impactos da pandemia no processo de aprendizagem dos alunos.
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